Paraguay

  


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José Gaspar Rodríguez Francia
 José Gaspar Rodríguez Francia, dito Dr. (Jaguarão, 1776 - Assunção, 20 de setembro de 1840) foi um teólogo, advogado, revolucionário e político paraguaio.
Ocupou vários cargos no Governo independente, sendo primeiramente Secretário da Junta, depois Cónsul, juntamente com o comandante militar Fulgencio Yegros. Pela Assembléia foi nomeado Ditador Temporário e finalmente, em 1816, Ditador Perpétuo da República do Paraguai.

Biografia

Desconhece-se a origem do seu pai, afirmando-se que teria sido, ou um agricultor de origem francesa, ou um antigo funcionário público de origem portuguesa, de sobrenome Garcia de França, e que o próprio José Gaspar o teria traduzido para o espanhol. A sua mãe, Josefa de Velasco y Yegros, era paraguaia e pertencia a uma família ilustre de Assunção.
Após concluir os primeiros estudos na capital paraguaia, formou-se Doutor em Teologia de Direito Canónico na Universidade de Córdoba do Tucumán, um dos institutos de ensino superior mais reconhecidos na América colonial espanhola, fundado pela Companhia de Jesus.
Exerceu a profissão de advogado em seu retorno a Assunção, tendo ganho fama de incorruptível e acérrimo defensor da justiça. Foi o ideólogo da revolução que, de 14 para 15 de maio de 1811, proclamou a independência do Paraguai, instaurando a primeira República da América do Sul.
Conhecido como o "pai" da pátria paraguaia, o seu governo concentrou-se em manter o país independente de qualquer potência estrangeira. Nesse sentido, acabou com o "espanholismo" e com o "portenhismo", incutindo nos paraguaios um forte sentimento de pertença a uma nação única, homogênea e soberana. A sua principal preocupação foi com relação à pretensão Argentina de recompor o Vice-Reinado do Rio da Prata, que abrangera o território do Paraguai em tempos coloniais.
Talvez por isso, Simón Bolívar tenha acreditado que Rodríguez de Francia ajudaria o Brasil na Guerra Cisplatina, contra a Argentina, no que se mostrou incorreto, uma vez que Rodriguez de Francia, por sua política de não intervençâo nos estados vizinhos, e pela necessidade de defender o seu próprio país, não prestou qualquer apoio ao Brasil, cujo representante diplomático expulsou de Assunção em 1828.
O objetivo principal do governo de Rodríguez de Francia foi a consolidaçâo da independência e a defesa da integridade territorial do Paraguai. Por isso, reivindicou, contra Buenos Aires, o direito da livre navegaçâo nos rios da região, especialmente no Prata, a fim de evitar o controle de suas relações externas pelos vizinhos. A sua política de isolamento ante a anarquia que reinava nos estados vizinhos incluiu proibir os compatriotas e mesmo os estrangeiros de sair do país. Para emigrar, era necessário um passaporte especial por ele concedido pessoalmente.
Rodríguez de Francia criou uma sólida convicçâo cidadã da Independência Nacional, e a consciência do auto abastecimento, incrementando a agricultura, apecuária, os trabalhos artesanais e a indústria têxtil.
Após a sua morte, desconhece-se o fim que seu corpo teve, tendo-se levantado várias hipóteses a esse respeito.
Foi conhecido como "Karaí Guazú" (do guarani, "Grande Senhor", mas que é utilizado no Paraguai como "Pai de Todos").
É o personagem principal do romance "Eu o Supremo", do escritor paraguaio Augusto Roa Bastos, obra com que foi agraciado com o Prêmio Miguel de Cervantes da Literatura Espanhola em 1989. Está traduzido em mais de 25 idiomas